quarta-feira, 26 de outubro de 2011

FINADOS


Dia de Finados: comemoração dos fiéis defuntos


Renold J. Blank. Doutor em Teologia e em Filosofia; licenciado em Letras; professor titular da Pontifícia Faculdade de Teologia de São Paulo. Também é professor do Instituto de Teologia de São Paulo e do Instituto Teológico Pio XI.



 
A festa de finados nos confronta ano por ano com a mesma questão: o que aconteceu com os nossos mortos? Será que eles desapareceram para sempre? Ou será que eles entraram em novos ciclos de reencarnação, de tal maneira que voltarão em outra época e em outra forma, para viverem mais uma vida? Ou será que eles chegaram àquelas outras dimensões, das quais a religião cristã nos fala? Três possibilidades. Três alternativas. Qual delas é a verdadeira? Quem tem razão? A pergunta está sendo formulada. E diante do fato de nossa morte, da morte de nossos entes queridos, se exige uma resposta.
O Apocalipse de São João, numa visão grandiosa nos apresenta a imagem de “uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas” (Ap 7,9), reunidos em torno de Deus numa felicidade inimaginável. Eles “não mais têm fome nem sede, nem cairá sobre eles o sol nem calor algum” (Ap 7,16). Na imagem desta multidão, o autor do apocalipse quer transmitir aquilo que é o centro da Boa Nova cristã. A certeza de que o nosso destino final não será em algum lugar assombroso dos mortos, nem num “xeol” despersonalizado, nem numa nova vida terrena depois de mais uma reencarnação.
O nosso destino final é a comunhão pessoal e íntima com Deus. É este o plano dele e é para isso que Ele nos criou. Para que nele e através dele cheguemos à nossa plenificação. Esta plenificação, no entanto, não é o resultado de centenas e milhares de vidas, vividas no decorrer de sempre novas reencarnações. Ela é dom e graça de Deus que ama. De um Deus que se apaixonou por nós, e que, por causa disso, nos ressuscitará depois de uma única vida, para que sejamos para sempre unidos a Ele. Unidos com aquele que nos ama, numa êxtase de amor, pela qual o apóstolo Paulo, balbuciando, só consegue dizer que “nem o olho viu, nem o ouvido ouviu, nem jamais penetrou no coração do homem, o que Deus preparou para aqueles que amam.” ( 1 Cor 2,9)
No festa de Finados exprimimos a esperança de que os nossos entes queridos que já morreram já chegaram a este destino. Destino de todos nós. Destino planejado para nós, por um Deus que nos ama. Destino feliz, de tal maneira que o Dia de Finados pode ser uma das nossas maiores festas. Uma das nossas celebrações mais alegres e felizes, porque aqueles que nós amávamos já chegaram a um destino tão maravilhoso. O que nós celebramos neste dia, é a festa da ressurreição dos nossos entes queridos, e a esperança firmemente fundamentada em Jesus Cristo, que também nós, um dia, vamos ressuscitar.
Extraído de: “Consolo para quem está de luto” - Edições Paulinas
Fonte: http://www.diocesedepiracicaba.org.br

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Mês missionário

Neste mês de outubro, estamos vivendo o mês dedicado à missão. Assim como ninguém parte para missão a partir do nada, seja ela qual for, também nós cristãos católicos, percorremos um caminho nos últimos três meses para prepararmo-nos a uma ação missionária. Primeiro fomos levados a refletir sobre nossa vocação, o “CHAMADO” (agosto). Em seguida (setembro) refletimos sobre a Palavra de Deus, ou seja, a “ESCUTA” e neste mês (outubro), estamos dispostos a sair em missão, ou seja, ao “ANÚNCIO”.
Para ser missionário, antes de tudo, deve-se conhecer o que vai ser anunciado. Por isso, há a necessidade de fazer primeiro a experiência de Deus. Este, que nos escolheu primeiro: “Não fostes vós que Me escolhestes a Mim; pelo contrário, Eu vos escolhi a vós” (Jo, 15, 16). É um Deus sensível a realidade humana e nos escolhe, nos chama. Por isso, fomos convidados a estarmos com os ouvidos atentos durante o mês inteiro de agosto para escutarmos seu chamado.
Um dos meios mais fortes estarmos atentos ao apelo de Deus é a Sua Palavra. Por isso dedicamos um mês para refletirmos, rezarmos e estudarmos ainda mais a Sagrada Escritura. “A palavra de Deus é viva, é realizadora, mais afiada do que toda a espada de dois gumes: ela penetra até onde se dividem a vida do corpo e a do espírito, as articulações e as medulas e é capaz de distinguir as intenções e os pensamentos do coração”  (Heb 4,12).
Após esses passos nos tornamos comprometidos com o anúncio. Não dá para conhecer Deus e guarda-lo apenas para nós. Sabemos que missão vem de um termo latino missus que quer dizer enviado. Significa enviar alguém para realizar uma tarefa. No sentido religioso, missão é enviar alguém para ser um sinal da presença divina, para transmitir a mensagem divina às pessoas.
Somos convidados a sermos sinal de Deus na vida daqueles que convivem conosco. Talvez o local mais difícil de sermos missionários seja em nossa própria realidade, nossa própria casa. Mas é justamente aí que Deus se revela através de nossa presença. Por isso, respondendo ao chamado divino, através da Sagrada Escritura, devemos nos tornar missionários constantemente, levando outras pessoas a uma experiência mais profunda de Deus.
É interessante destacar que estamos em um contexto de pós-modernidade e é neste contexto desafiador que somos enviados por Deus, através da Igreja, para sermos um sinal de sua presença e para transmitirmos sua mensagem à sociedade atual. Também hoje a mensagem divina deve responder a situações concretas vividas pelas pessoas, variando conforme o lugar e o tempo. É uma mensagem que anuncia o amor de Deus e denuncia a falta de amor a Deus e entre as pessoas.
A evangelização na pós-modernidade reconhece que a mensagem de Deus já foi transmitida às pessoas, mais ou menos intensamente, através da cultura religiosa familiar ou, até mesmo, dos meios de comunicação. Por isso, as missionárias e missionários não levam Deus às pessoas. Antes as ajudam a redescobrir a beleza e a alegria de viver a fé cristã em comunidade. 





Pe. Elizeu da Conceição